Após reivindicações da população referentes a geração de empregos em Ouro Branco através do SINE, comissão de Participação Popular da Câmara solicitou o debate como forma de encontrar meios que valorizem a mão de obra local
Diante da geração de empregos em Ouro Branco nos últimos meses e da ampla procura por vagas, muitos desses profissionais buscaram o apoio dos vereadores após perceberem que vagas disponibilizadas pelo SINE (Sistema Nacional de Emprego) estavam sendo preenchidas por pessoas de outras cidades, prejudicando os moradores da região, que contam com mão de obra especializada e há muito tempo estão em busca de vagas e oportunidades no mercado. Para isso, a Comissão de Participação Popular da Câmara (formada pelos vereadores Nilma Aparecida Silva, Rodrigo Vieira Duarte e Leandro Marcelo Souza) solicitou a realização de uma Audiência Pública como forma de debater o assunto, entre Executivo, Legislativo, Sine e a população para que as dificuldades relatadas por muitos trabalhadores fossem apresentadas e levadas em consideração. O Legislativo realizou o debate para também enaltecer o assunto e destacar a valorização da mão de obra local.
Na primeira parte da Audiência, que foi conduzida pelo presidente da Câmara, vereador Carlos Roberto Pereira, Carlinhos (PSDB), foi repassada a palavra ao vice-prefeito Sr. Celso Roberto Vaz , aos vereadores, à coordenadora do SINE Ouro Branco, Sra. Marisa Aparecida Oliveira Ferreira e ao assessor do Deputado Estadual Cristiano Silveira, Sr. Cristian José da Silva. Após esse momento, os munícipes presentes fizeram suas considerações, questionamentos e reivindicações, que foram respondidas por Marisa. Ao fim do debate, o presidente da Câmara encerrou deixando a informação de que a atuação dos vereadores é em prol dos anseios da população.
O vice-prefeito, Sr. Celso Vaz falou da atual dificuldade que o país enfrenta com a questão do desemprego, destacando que essa crise reflete no Estado e no município, porém mesmo na recessão, Ouro Branco nos últimos tempos, demonstra um pequeno crescimento na geração de emprego. Celso comentou também que em um encontro regional da AMALPA (Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Paraopeba) foi debatida a questão das políticas regionais de atuar para que seja dada preferência de vagas que surgirem para população local. O vice-prefeito ressaltou que a atuação da Prefeitura de Ouro Branco em suas ações diante dessa assunto é para resguardar a mão de obra regional e agradeceu aos vereadores pela realização da Audiência para que busquem ações conjuntas por soluções possíveis de ser aplicadas.
Os vereadores Nilma Aparecida Silva (PT), Rodrigo Vieira Duarte (PSD) Charles Silva Gomes (PMN), Carlos Roberto Rodrigues, Roberto (PSDB) e José Irenildo Freires de Andrade, Lan (PCdoB) fizeram suas considerações. Entre os assuntos mais comentados pelos vereadores foi apontada a grande quantidade de munícipes procurando os gabinetes para reclamar que as vagas são preenchidas por pessoas de outras cidades, a importância em debater o tema em audiência, a informação de que a Audiência se deu para que soluções possam ser encontradas, o papel do vereador em atuar pelos anseios da população, bem como do município, o relato da atuação do Legislativo para que as oportunidades sejam dadas à mão de obra local, e outros. Os vereadores agradeceram também a presença de todos no Plenário, sugeriram a criação de uma comissão para atuar como elo de diálogo pelo município nessa questão de empregos, contaram que SINEs de outras cidades adotam o critério de dar preferência aos moradores da região que abrangem e também disseram que as empresas em alguns casos desrespeitam o SINE e os profissionais de Ouro Branco.
A coordenadora do SINE Ouro Branco, Sra. Marisa falou das dificuldades que o SINE muitas vezes enfrenta, explicou que o objetivo do órgão é encaminhar o candidato e não fazer a seleção, informou que as normas de funcionamento seguem padrões e funcionam por convênio da SEDESE (Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social) com as prefeituras. Marisa citou todas as funções do SINE e informou que a relação com as empresas, é que o órgão as procura para oferecer estrutura, sendo que algumas dessas optam por realizar a seleção por conta própria. Entre os serviços prestados, de acordo com a coordenadora, há ainda a opção de cadastro por vagas na internet e em aplicativo do SINE. Marisa ainda explicou como é realizado o processo de entrada com seguro desemprego, relatou a dificuldade de respostas por parte das empresas que demoram para dar retorno ou nem dão e lamentou não poder customizar o SINE para que seja exclusivo, ressaltando que a abrangência da região contempla diversas cidades, citando cada uma delas.
Os munícipes Gilmar de Paula, Jesus Quirino, Welinton da Silva, Deiwit Cunha e Vagner Alves fizeram questionamentos, repassaram informações e relataram situações referentes às vagas do SINE. Entre os assuntos expostos, perguntaram porque as cartas de encaminhamento para a vaga foram fechadas para o pessoal de Ipatinga, falaram da burocracia do SINE, dos requisitos que tiram oportunidade de quem não tem escolaridade, mas tem potencial, relataram a humilhação de ver muita gente de fora vindo trabalhar em Ouro Branco e os profissionais daqui há tempos buscando uma vaga, comentaram que muitas vezes a vaga por meio da internet prejudica aqueles que tem dificuldades em acessar uma rede, lamentaram há tempos estar na busca de uma vaga mesmo sabendo que empresas vem para a cidade, perguntaram qual é o motivo e os critérios de muitas vezes bloquear um candidato morador da cidade ou da região, confrontaram a colocação do Sindicato dos Metalúrgicos que disse que Ouro Branco não tem mão de obra qualificada.
Antes das respostas e considerações da Coordenadora do SINE, o assessor do Deputado Cristiano Silveira, como representante do parlamentar na Audiência disse que seu papel era de participar de um debate tão importante para Ouro Branco e levar as colocações, angústias, reivindicações ao Deputado, que é Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Finalizando, Cristian agradeceu a atenção, ressaltando ainda que o trabalho é muito mais do que sobrevivência e que os moradores estão no caminho certo de clamar por novas perspectivas.
Marisa respondeu os questionamentos e fez as considerações finais, primeiramente dizendo que em relação aos contratados que chegaram de Ipatinga, desconhece a passagem deles pelo SINE de Ouro Branco, explicando que se a empresa já trás esses contratados lá do Vale do Aço, não é necessário que esses passem pelo SINE. Quanto à burocracia do SINE, a coordenadora comentou que tem que ser dessa forma mesmo e que os critérios devem ser seguidos. A questão do nível de escolaridade do cargo, segundo Marisa, essa especificação vem das empresas que querem contratar. A apresentação do título de eleitor para comprovar moradia na cidade, como foi colocado no decorrer do debate, que é feito por SINEs de outras cidades, a coordenadora afirmou que é uma prática que desconhece e que ao seu ver não deve ser adotada pelo órgão. Diante da questão das vagas pela internet, Marisa falou que a tendência é o atendimento virtual cada vez mais abrangente e finalizou sugerindo que é momento também de chamar as empresas para dialogar.
Ao finalizar o debate, o presidente da Câmara agradeceu a presença de todos, destacou a importância do debate e comunicou que todas as manifestações apresentadas serão levadas em consideração para futuros trabalhos que se fizerem necessários e as decisões serão encaminhadas para as autoridades competentes.